Olá meus amores,
O tema da blogagem coletiva desta semana foi escolhido pela linda e querida Pri - mãe do gostoso do Lucas, do blog "Um irmãozinho para o Felipe" e cá estou para falar deste assunto tão polêmico e que mexe tanto comigo. (pausa para um suspiro de: "vamos lá")
Confesso que pensei muito se devia participar nesta semana ou não... Eu sabia que escrever sobre isto poderia desencadear lembranças horríveis em mim, na verdade já tinha até desistido (hj já é quinta)... Mas li alguns posts ontem e este assunto não me saiu mais da cabeça, fui dormir pensando nisso, então achei bom "botar pra fora" coisas que muito provavelmente ninguém mais saiba, além do meu esposo... Vai ser bom.
Me sinto tão segura e à vontade neste MEU cantinho que decidi me pronunciar sim a respeito deste tema. E, claro, contar um pouco mais da minha vida.
SOU TOTALMENTE A FAVOR DA LEI e acho lamentável que tenhamos que ter uma lei como esta para proteger as crianças de, na maioria das vezes, pessoas que deveriam cuidar delas e zelar pelo seu bem-estar, acima de qualquer coisa.
Só uma coisa a explicar aqui logo de início: Pri, vc sugeriu o tema: "Lei da Palmada", ok. Mas, em seguida perguntou se somos contra ou a favor à palmadinha e como pretendemos lidar com a educação e birras dos bebês?
Sei e espero que todos saibam que embora a lei tenha este nome "palmada", ela não vai punir o pai/mãe que der uma simples "palmadinha" de leve na criança. Pelo amor né? não é disso que estamos falando, esta lei prevê "punição" para os casos graves de agressões físicas e psicológicas, agressões que possam gerar traumas e danos físicos e/ou psicológicos à criança... E é disso que estou falando que sou a favor. A lei não proíbe os pais de educarem seus filhos, ela proíbe os excessos, os espancamentos e agressões psicológicas. Claro que sou a favor de uma lei que protege as crianças (embora, eu, particularmente, seja contra até mesmo uma simples palmadinha).
Sei e espero que todos saibam que embora a lei tenha este nome "palmada", ela não vai punir o pai/mãe que der uma simples "palmadinha" de leve na criança. Pelo amor né? não é disso que estamos falando, esta lei prevê "punição" para os casos graves de agressões físicas e psicológicas, agressões que possam gerar traumas e danos físicos e/ou psicológicos à criança... E é disso que estou falando que sou a favor. A lei não proíbe os pais de educarem seus filhos, ela proíbe os excessos, os espancamentos e agressões psicológicas. Claro que sou a favor de uma lei que protege as crianças (embora, eu, particularmente, seja contra até mesmo uma simples palmadinha).
E quer saber, eu acho esta lei branda demais, na verdade, ela prevê tratamento psicológico e/ou psiquiátrico e advertência aos pais que forem denunciados, o que aliás, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) já prevê há tempos. Não sei pq esta polêmica toda em cima desta lei, claro, o nome "palmada" confunde mais do que esclarece, concordo.
Acredito, sinceramente, que o diálogo é a melhor forma de educar, acredito que é possível sim educar sem agredir. Pode ser mais difícil, concordo, mas a meu ver é o melhor, sempre. Acho que não podemos ser permissivos, temos que educar, orientar, corrigir, ensinar o certo e o errado, transmitir valores... Mas TUDO com amor, com conversa, com diálogo. Criança precisa ser amada, ensinada e não castigada.
Vou contar pra vocês pq eu abri um parêntese ali em cima e me coloquei contra até mesmo uma simples "palmadinha". A meu ver a criança desde muito cedo tem sim percepção social, afirmo aqui que muitas vezes não importa se o tapinha dói ou não, se foi "pra valer" ou não, naquele momento ela apenas percebe que o pai ou a mãe deixou de usar o diálogo com ela em uma situação que poderia ser corrigida com ele, a criança se sente exposta, menosprezada e até mesmo humilhada. E sem contar que qdo os pais usam de agressão para corrigir um erro que poderia ser conversado, explicado, (mesmo que pela 100º vez!) eles podem contribuir para desencadear ali um problema psicológico na criança e isto sim é muito sério. Ou então ensinar à criança que as coisas podem ser resolvidas à base da violência... Pra mim um "tapinha" não é só um "tapinha".
Fico pensando: "Se uma pessoa adulta, um amigo nosso, por exemplo, comete uma "malcriação" conosco, nós em hipótese alguma vamos dar uma palmada ou um tapa nele ou xingá-lo, certo? Então, pq vamos agir assim com nosso próprio filho, um serzinho que saiu de dentro da gente? Se não agredimos um amigo, pq vamos agredir a pessoa que mais amamos no mundo? Se vc não agride física e verbalmente uma pessoa qualquer rua (que nada significa pra vc), pq vai fazê-lo com a pessoa que mais te ama e que sente o amor mais puro do mundo por vc?
Mas falemos da lei em si e não das "palmadinhas":
Fico pensando: "Se uma pessoa adulta, um amigo nosso, por exemplo, comete uma "malcriação" conosco, nós em hipótese alguma vamos dar uma palmada ou um tapa nele ou xingá-lo, certo? Então, pq vamos agir assim com nosso próprio filho, um serzinho que saiu de dentro da gente? Se não agredimos um amigo, pq vamos agredir a pessoa que mais amamos no mundo? Se vc não agride física e verbalmente uma pessoa qualquer rua (que nada significa pra vc), pq vai fazê-lo com a pessoa que mais te ama e que sente o amor mais puro do mundo por vc?
Mas falemos da lei em si e não das "palmadinhas":
No início da BC eu contei neste post que eu tive uma mãe "doida" que me espancava batia MUITO, muito mesmo... Eu cresci apanhando dela, éramos em quatro, mas por ser a mais velha eu sempre apanhei mais que meus irmãos, pq na cabeça dela eu deveria "cuidar" deles, apanhava por tudo e por nada... Minha mãe nunca conseguiu entender que eu era "apenas uma criança"... Enfim, no meu caso não eram só "palmadinhas" eram agressões graves, ao ponto de ir para escola usando blusa de manga longa e gola alta sob um sol de 40 graus! Não eram surras dadas só com as mãos, eram com qualquer objeto que estivesse por perto... Surras que necessitavam de "salmoura"!
Penso que se naquela época tivesse uma lei me protegendo, talvez as coisas tivessem sido diferentes... Não sei, sinceramente, se um tratamento psicológico teria resolvido para ela, mas enfim... Alguma coisa poderia ser sido feita por nós e por ela.
Penso que se naquela época tivesse uma lei me protegendo, talvez as coisas tivessem sido diferentes... Não sei, sinceramente, se um tratamento psicológico teria resolvido para ela, mas enfim... Alguma coisa poderia ser sido feita por nós e por ela.
Há algum tempo eu entendi que a minha mãe não tinha a menor estrutura emocional para criar seus filhos, era nítido que ela não queria ou não sabia o que era ser MÃE. E embora ela dissesse aos quatro cantos que pelos filhos dela ela matava e morria, se dizia uma leoa para nos defender e proteger... Em casa o que se presenciava era muito diferente... Era um descontrole e um desequilíbrio de dar medo!
E sabem o que mais me marcou nisso tudo?
Eu tenho 33 anos e por Deus eu lhes confesso que NÃO TENHO uma lembrança se quer da minha mãe me dando um beijo e um abraço qdo eu ainda era criança!!!
Eu tenho 33 anos e por Deus eu lhes confesso que NÃO TENHO uma lembrança se quer da minha mãe me dando um beijo e um abraço qdo eu ainda era criança!!!
Não tenho lembranças de momentos de amor, de carinho, de ternura junto dela... E isso sim é marcante e muito triste. Talvez até tenham existido, claro, mas as lembranças ruins simplesmente apagaram, deletaram da minha memória.
Pelo meu filho, que neste momento dorme aqui ao meu lado feito um anjinho eu lhes digo que não me lembro de um dia, uma única vez se quer, dela ter me acordado com um beijo, com um agrado ou ter me feito um elogio enqto eu ainda era criança... Enqto eu ansiava tanto por uma palavra de carinho da parte dela, um reconhecimento de sei lá o que... Mas tenho sim mil lembranças das surras que levei, das manhãs em que eu era acordada sob tapas sem ao menos saber o que estava acontecendo... Lembro de um tapa na cara que ela me deu aos 11 anos de idade em frente a um grupo de amigas dela que até hj eu não sei o motivo e aquele tapa ainda arde em mim, arde aqui dentro na minha alma, sinto como se tivesse sido agora! As marcas que carrego não estão no meu corpo, estão no meu coração, na minha alma e talvez elas nunca cicatrizem! Nunca me esqueci da vergonha que senti das pessoas que me viram apanhar, assim tão gratuitamente!
E querem saber de mais? As vezes em que eu mais sofri com as agressões da minha mãe, não foram com as agressões físicas, foram com as agressões verbais, as emocionais/psicológicas, foram qdo eu senti o olhar de desprezo e de raiva dela, foram qdo ela não me acolheu em sua cama à noite qdo eu chorei de medo e ela me mandava calar a boca e voltar para o meu quarto, foram qdo eu quis conversar e ela não quis me ouvir... Além das surras, ela gritava MUITO, era tudo feito aos berros, eu gelava qdo ela começava a gritar (hj eu não suporto gente que fala alto, tampouco, quem grita!)... Qdo entardecia e eu sabia que logo mais ela chegaria do trabalho, meu coração já disparava, eu sentia MEDO dela, não sentia amor.
E vc deve estar se perguntando: Mas pq a Marcela está contando tudo isso?!?
Primeiro pq acho que vai me fazer bem abrir um pouco mais da minha história... É bom pra eu mesma "exorcizar" algumas lembranças.... Escrever sobre isso me faz entender que estou falando de PASSADO, de algo que ficou lá atrás... E depois pq eu não quero que meu filho sinta medo de mim, não quero que meu filho se apavore com a minha presença e com os meus gritos, não quero que ele se torne um adulto traumatizado e futuramente sinta pena de mim.
Eu já disse que o Davi é o meu recomeço, vcs já devem ter lido muito isso por aqui... E se ainda não entenderam o pq, está aqui nesta passagem da minha vida um dos grandes motivos... Vejo nele a oportunidade de fazer DIFERENTE.... Quero com ele fazer tudo como eu gostaria que minha mãe tivesse feito comigo e por mim.
Nenhuma surra que levei dela contribuiu para a formação do meu caráter, talvez personalidade sim, mas meus valores e caráter eu devo ao meu tio, pessoa que mais dialogou comigo, que infelizmente partiu há 14 anos, não sem antes me transmitir TUDO que de melhor ele possuía, me ensinou o poder da comunicação.
Sei que em casos como o meu, qdo tapas, agressões e humilhações acontecem na infância, especialmente na primeira infância, isso pode desencadear traumas grandes na fase adulta, principalmente na esfera psicossocial, pode se desenvolver fobias e depressões... E comigo não foi diferente.... Imagina se eu vou querer isso para o meu filho, jamais.
Aqui em casa TUDO será resolvido na base da conversa e orientação e meu marido compartilha da mesma opinião que eu, graças a Deus.
Vocês conseguem imaginar uma criança de 13 anos tentando o suicídio?
Sim, eu tentei, pq não aguentava mais a minha vida aos 13 anos de idade!!! Eu sofria tanto, a dor que eu sentia no meu peito era tão grande, que eu queria sumir, morrer era a solução!
Qdo eu era criança eu sentia medo e pavor da minha mãe, na adolescência eu sentia repulsa (saí de casa aos 13 anos de idade, logo depois de sair do hospital, não sem antes levar uma última surra) e na fase adulta eu passei a sentir pena... Eu a respeito por ser minha mãe, apesar de tudo, eu NUNCA levantei a voz pra ela, nunca a maltratei.... E hj eu convivo com ela, depois de 20 anos eu voltei a conviver com ela, e mesmo sem ela nunca ter me pedido perdão, eu a perdoei, mas hj eu sinto mta dó dela, pq sei que ela se arrepende de algo que NUNCA poderá mudar e não deve ser fácil carregar uma culpa tão grande por toda a vida e pelo resto dela...
Ela nunca me disse que se arrependeu, nunca conversamos sobre isso, mas sei pelo modo como ela me trata hoje, sempre tentando me ajudar e agradar e, principalmente, pelo modo como ela trata os netos, especialmente o Davi... Com ele, ela é extremamente amorosa, carinhosa, dedicada... Chega me incomodar, hj estou melhor, mas qdo o Davi era menorzinho eu sentia um desconforto gigante ao vê-la com ele, nem sei explicar... É como se ela quisesse compensar nele a péssima mãe que foi pra mim! Entendem o que quero dizer?
Uma "supercompensação" da parte dela. E cada vez que vejo ela com ele me vem à memória as tantas vezes que eu desejei um beijo, um abraço dela e não veio!
A maior ironia é ela achar que eu "judio" do Davi por deixá-lo dormir no escuro, sem abajur!!! Acreditam numa coisa dessas??? (chega ser engraçado!)
A maior ironia é ela achar que eu "judio" do Davi por deixá-lo dormir no escuro, sem abajur!!! Acreditam numa coisa dessas??? (chega ser engraçado!)
Outro dia (Davi estava com 7 meses) ao vê-la enchendo o menino de beijo (coisa que me irrita profundamente) eu não me aguentei e perguntei sem pensar:
_ "Mãe, pq qdo eu era criança, vc não era assim comigo? Pq vc não beijava e abraçava seus próprios filhos da mesma maneira que o faz com seus netos?" (minha irmã estava presente e fez coro comigo).
Ela se calou. Nunca saberei o que ela sentiu naquele momento. E um "silêncio ensurdecedor" se fez presente!
Bem, meninas, acho que já falei demais.. Ufa, estou me sentindo até mais leve, acreditem.
Pra finalizar: Outro dia estava conversando com meu marido sobre esta lei e ele me fez uma pergunta que provavelmente alguém que esteja lendo este post tb gostaria de me fazer... Ele perguntou: "Amor, vc acha que é tão a favor desta lei por tudo que vc passou ou vc acha que seria a favor de qualquer forma?"
Vou responder aqui exatamente respondi a ele:
"Óbvio que uma coisa tem sim conexão com a outra, mas as sequelas que o tratamento que recebi na infância não me tiraram a capacidade de entendimento e de discernimento, qdo passamos por um trauma desses na infância, qdo chegamos à fase adulta temos duas possibilidades a seguir: Ou reproduzimos o que vivemos ou repudiamos e fazemos diferente e este é o meu caso. Eu seria a favor da lei de qualquer forma, pq acredito numa criação com AMOR, APEGO, CARINHO, GENEROSIDADE, PACIÊNCIA E CONVERSA e isso tudo não combina com palmadinhas, tapinhas, beliscões, cascudos, puxões de cabelo e de orelhas, gritos, castigos... Tampouco com surras e agressões mais severas".
E viva o amor!
Bem, meninas, acho que já falei demais.. Ufa, estou me sentindo até mais leve, acreditem.
Pra finalizar: Outro dia estava conversando com meu marido sobre esta lei e ele me fez uma pergunta que provavelmente alguém que esteja lendo este post tb gostaria de me fazer... Ele perguntou: "Amor, vc acha que é tão a favor desta lei por tudo que vc passou ou vc acha que seria a favor de qualquer forma?"
Vou responder aqui exatamente respondi a ele:
"Óbvio que uma coisa tem sim conexão com a outra, mas as sequelas que o tratamento que recebi na infância não me tiraram a capacidade de entendimento e de discernimento, qdo passamos por um trauma desses na infância, qdo chegamos à fase adulta temos duas possibilidades a seguir: Ou reproduzimos o que vivemos ou repudiamos e fazemos diferente e este é o meu caso. Eu seria a favor da lei de qualquer forma, pq acredito numa criação com AMOR, APEGO, CARINHO, GENEROSIDADE, PACIÊNCIA E CONVERSA e isso tudo não combina com palmadinhas, tapinhas, beliscões, cascudos, puxões de cabelo e de orelhas, gritos, castigos... Tampouco com surras e agressões mais severas".
E viva o amor!
Desse jeito eu choro! Nao
ResponderExcluirConsigo imaginar como que uma mãe faz isso com uma criança!!!
Ma, vc é um ser iluminado e diferenciado, acho que talvez, eu nunca perdoaria minha mãe por essas coisas! Graças a Deus, vc tem a oportunidade de fazer diferente :))
Marcela, da aqui um abraço.
ResponderExcluirOq eu tenho pra te dizer é que estamos juntas. Seu ponto de vista é MT parecido com o meu.
Tbm sofri na minha infância, mas a diferença é que mesmo com as agressões minha mae sempre esteve presente afetivamente.
Um beijo pra VC e que possamos ser firmes nas nossas decisões.
Oi,
ResponderExcluirQue Deus te ilumine diante de toda esta sua ternura e bom coração após tudo o que passou. Também sou contra qualquer tipo de agressão física ou psicológica, por mínima que seja.
Fique com Deus!!!!
Bjos.
Amiga, estou triste por ter feito vc remoer um passado tão doloroso. Mas sabe que o que me tranquiliza é pensar na mão MARAVILHOSA que vc é para o Davi!! Ele sempre terá muito orgulho de vc!!
ResponderExcluirBeeeijo
Querida, parabéns! Por ser uma pessoa tão maravilhosa, uma mãe tão incrível, uma alma tão iluminada.
ResponderExcluirConcordo 100% também com esta lei, acho que agressão física/ psicológica não ensinam nada. Só medo, repressão, impaciência. Cresci em um lar amoroso e posso contar nos dedos as vezes em que levei uma palmada, graças a Deus, e tenho a mesma opinião que você.
Um abraço bem apertado pra você, que o Davi te dê todo o amor que você merece e mais um pouco. Tenho certeza que ele morre de amores e morrerá de orgulho da mãe que tem.
Bjs
Concordo. Concordo de novo. E de novo.
ResponderExcluirE que bom, mas que bom mesmo que você busca o caminho do amor.
um abraço grande.
Marcela, nem tenho muito o que comentar pois me vi em seu post. Primeiro pq vc pensa como meu eu(em elação a essa lei) e segundo pq minha mãe era bem parecida com a sua.
ResponderExcluirTenho trauma muito grande em relação a surras q levei da minha mãe. Hoje, ela parece ser outra pessoa, amorosa, carinhosa e atenciosa comigo e ainda mais com o JC.
Percebi que ela descontava em mim, a raiva que ela sentia do meu pai, que bebia e gastava todo o orçamento em bebida. Se conseguir, farei um post sobre isso, mas não vou garantir.
bjus